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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Elevação do Rio Grande

A Elevação do Rio Grande é uma feição positiva do Atlantico Sul,  que alcança profundidades mais rasas que 1.000m e é circundada por assoalho oceânico com profundidades médias de 4.000m.  A Elevação do Rio Grande está além dos limites da plataforma continental jurídica brasileira, ou seja está em águas internacionais, uma região conhecida como "A Área".  

 A Elevação do Rio Grande (ERG).  Observe que o rifte no topo da elevação apresenta uma continuidade com o lineamento Cruzeiro do Sul, que alcança o continente na altura de Cabo Frio e separa as bacias de Campos e Santos.

A origem da Elevação do Rio Grande ainda é cercada de controvérsias. Mohriak et al (2010) elencam as seguintes hipóteses para a origem desta feição: (i) um edifício vulcânico ou plateau enraizado no manto, (ii) uma zona de cisalhamento intraplaca afetando as crostas continental e oceânica, (iii) uma área oceânica com uma atividade ígnea anormal causada por um ponto quente ou uma anomalia térmica no manto, (iv) um paleo-centro de expansão do assoalho oceânico formado durante o Cretáceo, (v)  uma área de excessiva atividade vulcânica resultante de uma diferenciação do manto devido a descompressão adiabática, e (vi) um remanescente isolado de crosta continental, deixado para trás durante  o processo de separação América do Sul-Africa. Muitas possibilidades portanto,  o que mostra que ainda existe muito a fazer.

Interessante notar que a porção central da ERG apresenta um rifte em seu topo orientado SE-NW, que apresenta uma continuidade com o lineamento Cruzeiro do Sul (veja acima)

Um rifte ocupa a porção central da ERG (Fonte: Mohriak et al (2010).

Linha sísmica da Universidade do Texas, cortando o rifte presente no topo da ERG (Fonte: Mohriak et al 2010)

Mais de 30 anos atrás o Deep Sea Drilling Project realizou uma perfuração no local,  que atravessou 1250m de carbonatos (Oligoceno-Eoceno) e 21m de basaltos (82-96 ma).

Linha sísmica e perfuração realizada pelo DSDP (Fonte: Mohriak et al 2010)

O interesse nesta feição foi renovado após a descoberta do pré-sal. Segundo as autoridades brasileiras, em função deste fato novo,  esta área passa agora a ter importância estratégica para o país, visto que não seria nada agradável ter potências estrangeiras, como Rússia, EUA e China, atuando nesta região,   seja por interesses acadêmicos, seja por interesses comerciais (minerais marinhos - crostas cobaltíferas). Isto poderia representar uma ameaça potencial para o controle do pré-sal.

Em função disto foram criados alguns programas para marcar a presença do Brasil no Atlântico Sul.  É o caso do Proerg (Geologia Marinha da Potencialidade Mineral da Elevação do Rio Grande) tocado pela CPRM com o auxílio da Marinha do Brasil, que objetiva o estudo das crostas cobaltíferas nesta região.  Estas crostas se formam muito lentamente (1-6mm/milhão de anos), a partir da precipitação de óxidos de ferro e manganês, sendo particularmente enriquecidas em cobalto e platina. Teores de cobalto a partir de 1% em crostas com uma espessura mínima de 5 cm e com uma certa continuidade lateral já são consideradas como potencialmente econômicas. Como parte deste projeto, foi realizada em 2009,  campanhas para levantamento multifeixe de uma trecho da ERG, pelo NOc Sirius da Diretoria de Hidrografia e Navegação.

Batimetria Multifeixe de um trecho da ERG, mostrando o rifte central (Fonte: DHN)

Estas preocupações, dentre outras motivações,  também estão por trás da idéia da criação de uma plataforma oceânica de observação como tem sido amplamente divulgado nos meios de comunicação e nas salas de imprensa do CNPq e MCT (veja esta notícia recente no "O Globo").

Alguns podem até pensar ser um exagero, mas por pura coincidência acabei cruzando este semana com uma referência de um artigo de cientistas russos (veja abaixo) relatando os resultados de um cruzeiro realizado em 2008, pelo navio R/V Akademik Vavilov, na cadeia de montes submarinos Vitória-Trindade, que se prolonga até o Banco de Abrolhos (veja a primeira figura desta postagem para localização).



Referências: 

Barker, P.F., Carlson, R.L. et al. 1981. Deep Sea Drilling Project - Leg 72 - Southwest Atlantic: Palaeocirculation and Rio Grande Rise tectonics. Geological Society of America Bulletin, 92, 294-309. 

Barker, P.F., Buffler, R.T., Gamboa, L.P. 1983. A Seismic Reflection Study of the Rio Grande Rise. In: Barker, P.F., Carlson, R.L., Johnson, D.A. et al. ( eds ) Initial Reports of the Deep Sea Drilling Project, Washington, (US Govt Printing Office ), 72, 499-517.

Mohriak et al (2010). Geological and geophysical interpretation of the Rio Grande Rise, south-eastern Brazilian margin: extensional tectonics and rifting of continental and oceanic crusts . Petroleum Geoscience, Vol. 16, pp. 231-245

6 comentários:

  1. É fundamental nosso país requerer, junto aos fóruns internacionais apropriados, a soberania sobre essa região.

    O simples fato de estar em nossa costa marítma e ser projeção natural de nossa rica plataforma continental , sem meias palavras, "a torna economicamente cobiçada" por potências estrangeiras.

    Dá para entender o " interesse nacional" inglês pelas ilhas Malvinas/Falklands. Daí para a área do Alto Rio Grande é apenas um pequeno passo.

    Os famosos " piratas do caribe ",e atuais povos congêneres, muito mais que os russos, devem ter seus atos muito bem monitorados.

    Seja pelas potenciais ações contra o interesse nacional brasileiro em nossos três Poderes, - Legislativo, Judiciário, e também Executivo, por intermédio de atos contra nossa soberania por alguma de nossas " Agências Reguladoras" arregimentando votos, pareceres, laudos técnicos, decisões contra os sagrados interesses do Brasil - devemos estar alertas e sempre ATUANTES em prol de nossos descendentes.

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  2. Já é do Brasil Pois o Brasil é quem descobriu

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  3. Esta Plataforma esta em águas internacionais e não pertence ao Brasil, mais o inconveniente para qualquer pais quizer explorar economicamente, necessariamente tem que ter apoio de terra e a terra mais próxima é as dom Brasil

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    1. Meu caro se não nos pertence a quem vai pertencer???Se esta ao lado de nossa costa e ademas ja atuamos ali...é tão nossa assim como as Malvinas pertecem aos argentinos...

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  4. Sr Jairo este tipo de comentário não ajuda o Brasil.

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