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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Blog Action Day 2009 - Climate Change: Erosão Costeira e Mudanças Climáticas





Nas discussões sobre os impactos do aquecimento global na zona costeira, uma ênfase muito grande é dada à subida do nível do mar, como o principal mecanismo causador de erosão generalizada da linha de costa. 


É preciso  ter um pouco de cuidado com este tipo de generalização, pois esta ênfase exagerada pode desviar nossa atenção de outros aspectos do aquecimento global com implicações tão ou mais importantes para a erosão costeira. 



Me lembro que umas duas décadas atrás o "mantra" continuamente repetido era de que 70% das linhas de costa do mundo estavam experimentando erosão e que a causa principal desta erosão era a subida do nível do mar. Quando fizemos o diagnóstico sobre o comportamento da linha de costa do Estado da Bahia, nossa conclusão foi de que apenas 26 % da linha de costa baiana, que apresenta um comprimento total de  1054 km, apresentava-se em erosão (veja abaixo ou faça o download do artigo completo utilizando este link).







Acho que até hoje não temos uma compreensão adequada para explicar muitos casos de erosão da linha de costa.  Em 1999 durante o Congresso da ABEQUA de Porto Seguro, foi realizada uma excursão de campo até o sul da Bahia. Ficamos hospedados em um hotel em Prado, num trecho da linha de costa que experimentava erosão (foto abaixo):






Agora em 2009 tive a oportunidade de retornar ao mesmo local e a praia esta completamente recuperada (observem a posição da escada nas duas fotos).






No mapa acima,  este trecho de linha de costa foi classificado como exibindo um comportamento erosivo, uma vez que a coleta de dados para a confecção do mesmo foi efetuada no periodo 1999-2003. Conclusão: quando se trata de erosão da linha de costa, é importante definir o intervalo temporal de análise.


As mudanças climáticas, associadas ao aquecimento global,  podem  alterar a freqüência direcional das ondas que atingem a linha de costa, desencadeando episódios de erosão severa da linha de costa. A costa leste do Brasil é particularmente sensível, pois neste trecho se verifica uma inversão sazonal no sentido dominante da deriva litorânea e qualquer mudança, mesmo que pequena, na freqüência direcional das ondas, pode alterar o sentido do transporte resultante final. 


A análise da geometria dos cordões litorâneos nas planícies arenosas da costa leste brasileira, indicam a existência de um episódio de erosão severa, que afetou a região por volta de 1,0-1,2 ka AP. Este periodo coincide, mais ou menos com o “Periodo Medieval Quente”, quando as temperaturas no Hemisfério Norte se encontravam relativamente mais altas, em comparação ao periodo imediatamente subsequente (“Pequena Idade do Gelo”). Este episódio de erosão severa estaria associado com uma inversão no sentido do transporte litorâneo promovido pelas ondas, que neste periodo foi dominantemente para sul. 


O “Periodo Medieval Quente” é frequentemente invocado nas discussões sobre aquecimento global, como uma possível situação análoga ao que estariamos enfrentando nas próximos décadas. A discussão sobre as mudanças climáticas parece estar sobremodo concentrada nos episódios meteorológicos extremos e na subida do nível do mar. Existem processos, entretanto, como o mencionado acima, que atuam de forma talvez mais insidiosa, mas que ao final podem resultar em prejuízos econômicos muitos maiores que aqueles associados ao eventos extremos. 


No Brasil, existe uma rede de pesquisadores interessados em estudar os efeitos das mudanças climáticas nas Zonas Costeiras. É a sub-rede Zonas Costeiras (Coordenada pelo Prof. Dr. Carlos Garcia - FURG) da Rede Clima (MCT) e do INCT para Mudanças Climáticas (CNPq - Coordenado pelo Dr. Carlos Nobre - INPE).

 





Um comentário:

  1. Oi Landim....
    Coisa boa de se ler este seu blog...Passarei a acompanhá-lo com frequência....
    Parabéns.
    Um abraço
    Samara

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