Antropoceno é um termo proposto no ano de 2002, pelo prêmio
nobel Paul Crutzen, para descrever o mais recente periodo (época) da história da
Terra. Seu início coincidiria com a Revolução Industrial, a partir da qual as
atividades humanas começaram a ter um impacto global nos ecossistemas e no
clima terrestre.
Me lembro que algum tempo atrás (10-15 anos) se falava muito
em Quinário/Tecnógeno para descrever os últimos milhares de anos, quando o homem
passou a constituir um novo agente geológico no planeta. Se falava então em depósitos tecnógenos, ou
seja formados como resultado da atividade humana. Este é um termo
pré-aquecimento global, quem sabe fadado ao desuso. Antropoceno é um termo que
apesar de muito mais recente, parece estar ganhando cada vez mais espaço.
No ano passado Dr. Jan Zalasiewicz e colegas da comissão de
estratigrafia da Geological Society of London discutiram se seria realmente
necessária a criação de uma nova época geológica (o Antropoceno) e onde colocar o seu limite.
Detalhes podem ser encontrados no interessante artigo “Are we living in the
Anthropocene?” (use o link para download livre).
A conclusão que eles chegaram: “Sufficient evidence has
emerged of stratigraphically significant change (both elapsed and imminent) for
recognition of the Anthropocene—currently a vivid yet informal metaphor of
global environmental change—as a new geological epoch to be considered for
formalization by international discussion”.
Portanto anotem: o Holoceno já terminou, agora vivemos no Antropoceno. Analizem o gráfico abaixo, extraido deste artigo e reflitam um pouco.
Comparação de alguns dos principais " trends" estratigráficos nos últimos 15.000 anos ( segundo Jan Zalasiewicz e colaboradores)
Nosso legado talvez seja muito reduzido e certamente melhor visualizado em sedimentos marinhos, como uma camada de argila, de expressão global, com uns poucos centimetros de espessura, capeando as plataformas carbonáticas e se estendendo até os sedimentos de águas mais profundas. Esta camada teria uma assinatura isotópica indicativa de um influxo maciço de dióxido de carbono e sua deposição culminaria um rápido processo de extinção de espécies. Seu registro polínico (quando presente) seria indicativo de um empobrecimento generalizado da diversidade da cobertura vegetal nos continentes, a qual estaria representada essencialmente por espécies domesticadas pelo homem.
Talvez não muito diferente do que ocorreu no início do Eoceno (55 milhões de anos atrás). Veja ilustrações abaixo.
Fonte: modificado de Wikipedia
Fonte: modificado de ODP - LEG 198 - Site 1209 - Initial Reports - 25 October 2002 - ISSN 1096-2158 doi:10.2973/odp.proc.ir.198.2002. Download livre do relatório - link.
Landim
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Eu comecei um blog de oceanografia geológica com o mesmo intuito que o seu, duas semanas atrás, antes de irmos para a Abequa. Matérias bastante interessantes que você vem postando.