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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Bem-Vindo ao Antropoceno


Antropoceno é um termo proposto no ano de 2002, pelo prêmio nobel Paul Crutzen, para descrever o mais recente periodo (época) da história da Terra. Seu início coincidiria com a Revolução Industrial, a partir da qual as atividades humanas começaram a ter um impacto global nos ecossistemas e no clima terrestre.

Me lembro que algum tempo atrás (10-15 anos) se falava muito em Quinário/Tecnógeno para descrever os últimos milhares de anos, quando o homem passou a constituir um novo agente geológico no planeta.  Se falava então em depósitos tecnógenos, ou seja formados como resultado da atividade humana. Este é um termo pré-aquecimento global, quem sabe fadado ao desuso. Antropoceno é um termo que apesar de muito mais recente, parece estar ganhando cada vez mais espaço.

No ano passado Dr. Jan Zalasiewicz e colegas da comissão de estratigrafia da Geological Society of London discutiram se seria realmente necessária a criação de uma nova época geológica (o Antropoceno) e onde colocar o seu limite. Detalhes podem ser encontrados no interessante artigo “Are we living in the Anthropocene?” (use o link para download livre).



A conclusão que eles chegaram: “Sufficient evidence has emerged of stratigraphically significant change (both elapsed and imminent) for recognition of the Anthropocene—currently a vivid yet informal metaphor of global environmental change—as a new geological epoch to be considered for formalization by international discussion”.

Portanto anotem:  o Holoceno já terminou, agora vivemos no Antropoceno.  Analizem o gráfico abaixo, extraido deste artigo e reflitam um pouco.


Comparação de alguns dos principais " trends" estratigráficos nos últimos 15.000 anos ( segundo Jan Zalasiewicz e colaboradores)


O mesmo Dr. Jan Zalasiewicz,  lançou no final do ano passado um livrinho muito interessante intitulado:  The Earth After Us: What Legacy Will Humans Leave in the Rocks? Embora em muitos trechos pareça ser mais um relato de como geólogos e paleontólogos trabalham, o livro coloca uma questão interessante: Se daqui a 100 milhões de anos (a esta altura nós já estaremos certamente extintos),  seres de um outro sistema solar pousarem na Terra, que evidências eles encontrarão, preservadas nas rochas, de que um dia nós já habitamos os quatro cantos deste planeta. 





Nosso legado talvez seja muito reduzido e certamente melhor visualizado em sedimentos marinhos, como uma camada de argila, de expressão global, com uns poucos centimetros de espessura, capeando as plataformas carbonáticas e se estendendo até os sedimentos de águas mais profundas. Esta camada teria uma assinatura isotópica indicativa de um influxo maciço de dióxido de carbono e sua deposição culminaria  um rápido processo de extinção de espécies. Seu registro polínico (quando presente) seria indicativo de um empobrecimento generalizado da diversidade da cobertura vegetal nos continentes, a qual estaria representada essencialmente por espécies domesticadas pelo homem.

Talvez não muito diferente do que ocorreu no início do Eoceno (55 milhões de anos atrás). Veja ilustrações abaixo.


Fonte: modificado de Wikipedia





Um comentário:

  1. Landim

    Parabéns pelo blog. Eu comecei um blog de oceanografia geológica com o mesmo intuito que o seu, duas semanas atrás, antes de irmos para a Abequa. Matérias bastante interessantes que você vem postando.

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